terça-feira, 19 de agosto de 2008

Do corvo ao papagaio, a morte carnavalizada.

Lendo A Filosofia da Composição, deparei-me com a declaração que Poe fizera a respeito da sua obra O Corvo (The Reaven). Confesso que fiquei surpresa com sua idéia inicial de colocar um papagaio como a ave agourante da trama, sem mais, pus-me a imaginar aquele singelo pássaro verde, irônico e engraçado à maioria. Pela carnavalização, um papagaio como personagem principal de uma cena melancólica traria risos e a morte de Leonora seria comemorada. Imaginei o "nevermore" da cocota (papagaio no idioma gaúcho), "nevee... moóórrr", além do lugar onde ela se situaria: ombro do amado, coçando, ou melhor, consolando com seu bico côncavo a orelha do rapaz... O "nevermore" seria uma resposta em troca de um biscoito, ou de uma semente de girassol e a voz rouca do bichinho inverteria o sentimento de dor, a tradicional dor da morte. A cor verde do pássaro seria um pastiche da cor preta azarada. O papagaio viria a ser, nessa estória, uma esperança ao rapaz... "uma renovação através da morte" (como afirma Bakhtin). Sinto muito que Poe não pensou em escrever O Corvo na versão satírica, seria uma obra prima da Paródia... Um prato cheio para os estudiosos em Literatura Carnavalizada... Bakhtin que o diga (mas que este não ofenda a paródia moderna!)

Abraço. Larissa Pujol.

2 comentários:

Iuri disse...

achei ótima a idéia. Porque você não a desenvolve ?

martaorofino disse...

Já imaginei ele sendo um pirata romântico, saqueador somente de corações apaixonados - o Jack Sparrow que tota donzela (ou não) sonha ter um dia...
Maravilha, não?